sábado, 30 de abril de 2011

RANKING - ATUALIZAÇÃO MENSAL (Abril 2011)


Um mês masculino no EnTHulho Musical!
Coincidentemente, só homens esse mês no blog! Tanto os artistas quanto os amigos musicais convidados foram do sexo masculino.
No meio da macharada, uma flor representa o sexo feminino: Grazi Ella Feliz Ares, a fã de Guilherme Arantes que nos emocionou com ótimas matérias sobre seu ídolo, que foi o artista do mês de Abril. Grazi assinou 3 das 5 postagens sobre Guilherme neste mês.
Aliás, o fã clube "Planeta Guilherme Arantes" e a gravadora Coaxo de Sapo (preferida de Guilherme) também visualizaram as postagens. Fico bastante feliz com os números de visitantes sempre crescente graças a apreciadores da boa música brasileira e tenho certeza que G. Arantes (e seus seguidores0 contribuíram muito pra isso.
Fora ele, o EnTHulho homenageou dois artistas especiais que, por motivos distintos, foram relembrados em Abril: Roberto Carlos (que completou 70 anos neste mês - e tragicamente perdeu sua filha dias antes da data de seu natalício) e Gonzaguinha, que nos deixou no dia 29 de Abril de 1991 - 20 anos atrás. A homenagem a RC foi feita pelo amigo convidado Jardel Ther. Já os demais convidados elegeram, respectivamente, Pedro Mariano (Luiz Monaro) e Milton Nascimento (Arquimedes Diniz). Uma matéria sobre Diogo Nogueira e seu paralelo com o pai (João Nogueira) fecha o mês masculino no blog.


Falando em homens importantes, matou a charada quem acertou que Raul Seixas será o artista do mês de Maio de 2011! Estava mais do que na hora de conferir sua importantíssima contribuição ao cancioneiro brasileiro!
Eu vinha anunciando que o próximo homenageado chegaria no Trem das 7...muita gente confundiu os trens e apostou em Demônios da Garoa (Trem das 11), Caetano Veloso (Trem das Cores)...mas o trem escolhido foi mesmo o nosso maluco beleza, que promete nos causar uma metamorfose ambulante em um mês inteirinho dedicado a suas desventuras musicais.
Contarei, inclusive, com uma contribuição valiosíssima nas matérias sobre o nosso cantor. Aproveitando o ensejo, você, fã de Raul, não se faça de rogado! Pode participar do EnTHulho Musical se quiser!

Opa...ele acabou de me ligar, avisando que não vem de trem não. Ele chegará num disco voador!!




Matérias sobre Guilherme Arantes em Abril (clique pra conferir)

Apresentação/Biografia (Por Grazi Ella Feliz)
Tema de novela especial: Dossiê Guilherme Arantes
EnTHulho Musical apresenta: Moto Perpétuo (Por Grazi Ella Feliz)
Tudo o que ele toca vira ouro! (Por Grazi Ella Feliz)
ÚLTIMA FAIXA: O lado prático de G. Arantes (crõnica)



RANKING DO MÊS:

Azul: subiram
Vermelho: desceram
Azul-claro: estrearam
Preto: mantiveram


1º CHICO BUARQUE – 17 músicas (=)
2ª ZÉLIA DUNCAN - 17 músicas (=)
3ª CÁSSIA ELLER – 12 músicas (=)
4ª RITA LEE – 12 músicas (=)
5ª MOSKA - 12 músicas (=)
6ª ADRIANA CALCANHOTTO – 11 músicas (=)
7ª MARIA BETHÂNIA - 11 músicas (=)
8º GUILHERME ARANTES - 10 músicas (+9)
9ª MARISA MONTE - 10 músicas (-1)
10º ALCEU VALENÇA - 9 músicas (-1)
11º DJAVAN - 9 músicas (-1)
12ª ELIS REGINA - 9 músicas (-1)
13ª GAL COSTA - 9 músicas (-1)
14ª MARINA LIMA - 9 músicas (-1)
15º CAETANO VELOSO - 8 músicas (-1)
16º LENINE - 8 músicas (-1)
17º MILTON NASCIMENTO – 7 músicas (+5)
18º CAZUZA - 7 músicas (-2)
19º LEGIÃO URBANA - 7 músicas (-1)
20ª VANESSA DA MATA - 7 músicas (=)
21ª ANA CAROLINA - 6 músicas (=)
22º NANDO REIS - 6 músicas (=)
23ª NARA LEÃO – 6 músicas (=)
24º NEY MATOGROSSO – 6 músicas (=)
25º OS PARALAMAS DO SUCESSO - 6 músicas (=)
26ª DANIELA MERCURY - 5 músicas (=)
27ª ELIANA PRINTES - 5 músicas (=)
28º GILBERTO GIL - 5 músicas (=)
29º GONZAGUINHA – 4 músicas (+8)
30ª NANA CAYMMI - 5 músicas (-1)
31º ROBERTO CARLOS – 5 músicas (+11)
32ª SIMONE - 5 músicas (-2)
33º TOQUINHO - 5 músicas (-2)
34º VINICIUS DE MORAIS - 5 músicas (-2)
35º ZECA BALEIRO - 5 músicas (-2)
36º ZÉ RAMALHO - 5 músicas (-2)
37º ENGENHEIROS DO HAWAII - 4 músicas (-2)
38º FLÁVIO VENTURINI - 4 músicas (-2)
39º OS MUTANTES - 4 músicas (-1)
40º RAUL SEIXAS - 4 músicas (-1)
41ª ROBERTA SÁ - 4 músicas (-1)
42º SKANK - 4 músicas (=)
43ª MEMÓRIA INFANTIL: XUXA - 4 músicas (=)
44º MEMÓRIA INFANTIL: BALÃO MÁGICO - 3 músicas (=)
45ª BRUNA CARAM - 3 músicas (=)
46º CHICO CÉSAR - 3 músicas (=)
47ª CLARA NUNES - 3 músicas (=)
48ª CÉU - 3 músicas (=)
49º DORIVAL CAYMMI - 3 músicas (=)
50ª ELBA RAMALHO - 3 músicas (=)
51ª FERNANDA ABREU - 3 músicas (=)
52º HERBERT VIANNA - 3 músicas (=)
53º IVAN LINS - 3 músicas (=)
54º JORGE VERCILO - 3 músicas (=)
55º LULU SANTOS - 3 músicas (=)
56ª MONICA SALMASO - 3 músicas (=)
57º O RAPPA - 3 músicas (=)
58º PATO FU - 3 músicas (=)
59ª RITA RIBEIRO - 3 músicas (=)
60º TOM JOBIM – 3 músicas (=)
61º MEMÓRIA INFANTIL: TREM DA ALEGRIA - 3 músicas (=)
62º ADONIRAN BARBOSA – 2 músicas (=)
63ª ALZIRA ESPÍNDOLA - 2 músicas (=)
64ª ANA CAÑAS – 2 músicas (=)
65º ARNALDO ANTUNES - 2 músicas (=)
66º BARÃO VERMELHO - 2 músicas (=)
67ª BELLÔ VELOSO - 2 músicas (=)
68º CAPITAL INICIAL - 2 músicas (=)
69º CARLINHOS BROWN – 2 músicas (=)
70º CARLOS MOURA – 2 músicas (=)
71º CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI - 2 músicas (=)
72º ED MOTTA - 2 músicas (=)
73ª ELIZETH CARDOSO – 2 músicas (=)
74ª ELZA SOARES - 2 músicas (=)
75ª FAFÁ DE BELÉM – 2 músicas (=)
76ª FERNANDA PORTO - 1 música (=)
77ª FERNANDA TAKAI - 2 músicas (=)
78º ITAMAR ASSUMPÇÃO - 2 músicas (=)
79º JAY VAQUER – 2 músicas (=)
80º JORGE BEN - 2 músicas (=)
81ª INTERNACIONAL CONVIDADA: JULIETA VENEGAS - 2 músicas (=)
82ª KÁTIA B - 2 músicas (=)
83º KID ABELHA - 2 músicas (=)
84ª LEILA PINHEIRO - 2 músicas (=)
85ª CANTRIZ: LETÍCIA SABATELLA - 2 músicas (=)
86º LOS HERMANOS - 2 músicas (=)
87ª CANTRIZ: LUCINHA LINS - 2 músicas (=)
88ª MARIA RITA - 2 músicas (=)
89ª MARIANA AYDAR – 2 músicas (=)
90ª INTERNACIONAL CONVIDADA: MERCEDES SOSA – 2 músicas (=)
91º MORAES MOREIRA – 2 músicas (=)
92º OSWALDO MONTENEGRO - 2 músicas (=)
93ª PATRICIA MARX - 1 música (=)
94º PEDRO LUIS E A PAREDE - 2 músicas (=)
95ª PITTY - 2 músicas (=)
96º SECOS & MOLHADOS - 2 músicas (=)
97ª SELMA REIS - 2 músicas (=)
98º TOM ZÉ - 2 músicas (=)
99º VEGA - 2 músicas (=)
100ª VERÔNICA SABINO - 2 músicas (=)
101º WADO – 2 músicas (=)
102ª ZIZI POSSI – 2 músicas (=)
103º 14 BIS – 1 música (=)
104ª ALICE RUIZ - 1 música (=)
105ª ANELIS ASSUMPÇÃO - 1 música (=)
106ª ÂNGELA MARIA – 1 música (=)
107ª ANGELA RO RO - 1 música (=)
108º ANTONIO CARLOS NÓBREGA - 1 música (=)
109ª AS CHICAS – 1 música (=)
110º MEMÓRIA INFANTIL: AQUARIOUS - 1 música (=)
111ª BANDA REFLEXU’S – 1 música (=)
112º BANDA VEXAME – 1 música (=)
113ª BARBARA EUGÊNIA – 1 música (=)
114ª BEATRIZ AZEVEDO – 1 música (=)
115ª BETH CARVALHO - 1 música (=)
116ª BEBEL GILBERTO - 1 música (=)
117ª BIQUINI CAVADÃO - 1 música (=)
118ª CARMEM MIRANDA - 1 música (=)
119º MEMÓRIA INFANTIL: CICLONE - 1 música (=)
120º CIDADE NEGRA - 1 música (=)
121º CLAUDIO NUCCI - 1 música (=)
122º COMADRE FLORZINHA – 1 música(=)
123º CORDEL DO FOGO ENCANTADO - 1 música (=)
124ª DANNI CARLOS - 1 música (=)
125ª DALVA DE OLIVEIRA – 1 música(=)
126ª DAÚDE – 1 música (=)
127º DEMÔNIOS DA GAROA – 1 música (=)
128º DIOGO NOGUEIRA – 1 música *ESTREIA
129º DOMINGUINHOS - 1 música (-1)
130ª INTERNACIONAL CONVIDADA: DULCE PONTES - 1 música(-1)
131º EDU LOBO - 1 música(-1)
132º EMÍLIO SANTIAGO – 1 música(-1)
133º ERASMO CARLOS - 1 música (-1)
134ª FERNANDA GUIMARÃES - 1 música(-1)
135º FRED MARTINS - 1 música (-1)
136º GABRIEL PENSADOR - 1 música(-1)
137º GERALDO AZEVEDO - 1 música (-1)
138º GERALDO VANDRÉ - 1 música (-1)
139ª HELENA ELIS - 1 música (-1)
140º HERÓIS DA RESISTÊNCIA – 1 música (-1)
141º IRA – 1 música (-1)
142ª ISABELLA TAVIANI - 1 música (-1)
143ª JANE DUBOC – 1 música (-1)
144º JESSÉ -1 música (1)
145ª JOVELINA PÉROLA NEGRA – 1 música (-1)
146º JOÃO GILBERTO – 1 música (-1)
147º JOÃO NOGUEIRA – 1 música *ESTREIA
148º KARINA BUHR – 1 música (-2)
149ª LEILA MARIA - 1 música (-2)
150º LOBÃO - 1 música (-2)
151ª LUCIANA MELLO - 1 música (-2)
152º LUDOV – 1 música (-2)
153ª LUISA MAITA – 1 música (-1)
154º LUPICÍNIO RODRIGUES – 1 música (-2)
155º INTERNACIONAL CONVIDADO: MADREDEUS - 1 música (-2)
156ª MARIA GADU – 1 música (-2)
157ª MARTINÁLIA - 1 música (-2)
158ª MAYSA - 1 música (-2)
159º METRÔ – 1 música (-2)
160º MILTON CARLOS – 1 música (-2)
161º MIÚCHA – 1 música (-2)
162º MOINHO - 1 música (-2)
163º MOTO PERPÉTUO – 1 música *ESTREIA
164º MOPHO – 1 música (-3)
165ª NA OZETTI - 1 música (-3)
166º NASI - 1 música (-3)
167º NILA BRANCO - 1 música (-3)
168º INTERNACIONAL CONVIDADO: NUNO MINDELLIS - 1 música (-3)
169º MEMÓRIA INFANTIL: OS TRAPALHÕES – 1 música(-3)
170º OTTO – 1 música (-3)
171ª PAULA FERNANDES - 1 música (-3)
172ª PAULA LIMA - 1 música (-3)
173º PAULINHO DA VIOLA - 1 música (-3)
174º PEDRO MARIANO – 1 música *ESTREIA
175º RAIMUNDO FAGNER – 1 música (-4)
176ª RENATA ARRUDA - 1 música (-4)
177º RENATO RUSSO – 1 música (-4)
178º RENATO TEIXEIRA – 1 música (-4)
179º SEU JORGE – 1 música (-4)
180ª TAMY – 1 música (-4)
181ª TIÊ – 1 música (-4)
182º TIM MAIA - 1 música (-4)
183° TITÃS – 1 música (-4)
184º TRIO VIRGULINO - 1 música (-4)
185ª TULIPA RUIZ – 1 música (-4)
186º MEMÓRIA INFANTIL: TURMA DA MÔNICA - 1 música (-4)
187º VANDER LEE - 1 música (-4)
188ª VANGE LEONEL – 1 música (-4)
189ª VANIA BASTOS - 1 música (-4)
190ª INTERNACIONAL CONVIDADA: VIOLETA PARRA – 1 música (-4)
191ª WANDERLÉA - 1 música (-4)
192º INTERNACIONAL CONVIDADO: ZUCO 103 - 1 música (-4)
193º ZÉ RENATO – 1 música (-4)



TH - Sinto o abraço do tempo, apertar...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

ÚLTIMA FAIXA: O lado prático de G. Arantes! (Crônica)


[Ao som de "Pégaso Azul"]


"Suas músicas me deixam no ÊXTASE,
Inebriada, SOB O EFEITO DE UM OLHAR.
Pois sua voz tão doce, acende uma CHAMA
Quente como as ESTRELAS que habitam o céu.
É impossível não gostar de suas melodias.
EM SUA VOZ , as harmonias se alegram,
Tornando-se PEDACINHOS de luz.
As COISAS DO BRASIL resplandecem,
Voando num LINDO BALÃO AZUL,
Durante as LOUCAS HORAS de uma vida!
Sou sua FÃ NÚMERO 1, por isso DEIXA CHOVER!!!
UM LANCE LEGAL é poder te ouvir cantar,
Como uma LUZ VERDE acesa em meu ser.
Igual a uma TEIA, espalhe sua magia no mundo,
Pois o BOM HUMOR deve ser contagiante!
Uma TAÇA DE VENENO para os críticos,
E que façam XIXI NAS ESTRELA se não te gostam!
Para mim você é UM SONHO DE ÍCARO,
És SERENO, és OURO!
Serás sempre MEU MUNDO E NADA MAIS!!!

Patrícia Ximenes



Guilherme Arantes é sentimental, sensível, delicado...
Suas músicas refletem muito bem sua harmônica relação com o amor, com a melancolia e sua sinergia com todos os sentimentos e elementos. Letras e músicas, diga-se de passagem - por trás do grande letrista, há também um músico dedicado e cuidadoso com seus projetos e empreitadas. Não escondendo também suas participações em projetos sociais e causas nobres.
É sentimento puro!
Refletindo sobre isso, dá pra associá-lo ao lado subjetivo de qualquer relação. E qual seria o seu lado prático, afinal?
Eu respondo: OS FÃS!
Esses queridos que batalham diariamente pra que sua imagem não seja esquecida. Esses incansáveis que não param de pesquisar e procurar novidades, ressuscitando entrevistas antigas, recortando artigos de jornal... há de se destacar que Guilherme Arantes tem os mais calorosos e esforçados fãs clubes do país. Seus seguidores lhe creditam uma importância que ele realmente merece ser - eu acredito piamente que ele deveria ser colocado ao lado dos maiores compositores brasileiros, e que mereça ser tão interpretado por nossas maiores cantoras como os mais óbvios como Chico Buarque e outros tantos.
Eu aprendi e tenho certeza que muita gente conheceu melhor o universo de GA ao longo desse mês no EnTHulho Musical. E foram seus fãs quem nos ensinaram! É sempre bom contar com corações empolgados sempre prontos pra compartilhar suas entusiasmadas informações e a postos para defender seu ídolo a todo custo.

E ele está nas melhores mãos. Podem acreditar! ;)


THIAGO HENRICK


P.S.: Agradecimentos a Grazi Feliz Ares, autora de três das cinco matérias de Guilherme Arantes deste mês. Também ao fã clube Planeta Guilherme Arantes e a Patrícia Ximenes, pelo poema acima.

Vídeo abaixo feito por Grazi Feliz Ares.


terça-feira, 26 de abril de 2011

TUDO O QUE ELE TOCA VIRA OURO!


Guilherme Arantes em:


New Classical Piano Solos


Por Grazi Ella Feliz Ares, SP




Nova York, às 19 horas do dia 18 de julho de 2000. Numa sala de estilo clássico do Steinway Hall, acompanhado pelos músicos da Juilliard School, Guilherme Arantes apresenta suas composições no famoso piano de Vladimir Horowitz diante de 150 espectadores selecionados. Trata-se do lançamento do álbum instrumental New Classical Piano Solos. Fruto de anos de dedicação, o trabalho foi submetido à avaliação da fabricante de pianos Steinway & Sons no início do referido ano, rendendo a Guilherme o convite para integrar o Roster of Steinway Artists sendo nomeado Steinway Artist pela conceituada galeria integrada pelos melhores pianistas do mundo.

“Quando eu mandei meu CD instrumental para a apreciação do Conselho da Steinway, fui chamado para integrar o Roster of Steinway Artists, o que foi minha maior emoção em toda a carreira. Nessa ocasião eu também obtive acolhida para meu projeto de tocar no Steinway Hall, e saí de lá com as pernas bambas... Fiz um mini concerto, para seleta plateia, no dia 18 de julho de 2000. Pude contar com músicos da Juilliard School - que tem um Office of Career Placement - uma espécie de escritório de agenciamento de músicos, que me possibilitou escalar uma excelente formação de dois violinos, uma viola, um violoncelo, um contrabaixo de orquestra, uma flauta, um oboé e um clarinete. A experiência valeu demais, até pelo trabalhão que as partituras me deram... Mas ficou impecável e esse pequeno "ensemble" soou maravilhosamente bem.”

Não há dúvidas de que Guilherme Arantes é um músico completo. Excelente cantor, exímio pianista, sabe como ninguém expressar o equilíbrio entre razão e emoção, em cada composição. O álbum New Classical Piano Solos contempla obras belíssimas para piano, compostas por Guilherme, ao longo de sua carreira. Seus dedos sobre o piano traduzem, em acorde, a alma de cada uma das canções. Guilherme estava em busca de novos horizontes para sua música:

“Talvez libertando o meu som das letras, da barreira da língua, da minha voz, da imagem, eu consiga ampliar os horizontes para minha música mais profunda... O verdadeiro artista existe para desafiar, oferecendo para um mundo preguiçoso a incerteza do novo, mesmo que para poucos. Cada um faz suas opções.”


O book promocional do álbum (que pode ser consultado em http://ligacomga.sites.uol.com.br/principal.htm) revela o âmago de cada composição: “O barco livre” é o “tema do fogo, sereno e constante”. “Irish Coffee”, denota “forte influência da música irlandesa”, com a participação especial da cantora Marietta Vittal (filha de Guilherme). “Xiva Nataraja” é o “tema do lago, do mar sereno”. “Paola” em homenagem à filha caçula do cantor, “uma canção delicada”. “O olhar profundo” é o “tema do vento e dos seus mistérios”. “Magnos” é o “tema da tempestade”. “Pra começar o dia”, uma “ode matinal à paz do campo”. “Pérolas de Néon”, traduz a influência do rock progressivo na carreira do músico. “Marietta”, canção que leva o nome de sua primeira filha, “possui um arranjo bem brasileiro”, contagiante. “Purus Paralelo 7”, uma das primeiras composições de Guilherme, escrita na época da faculdade, sobretons do rock progressivo costuram o tema. “Poslúdio”, “uma meditação diurna”. “Entardecer” convida à meditação “propondo um contraponto ao ruidoso trânsito das grandes cidades ao cair da noite”. “A primeira voz desperta”, uma verdadeira “valsa brasileira”. “A coisa mais linda que existe”, uma canção de amor. “Pout Pourri da Sala do Papai” traz trechos das canções A Saudade Mata a Gente (Antonio Almeida/João de Barro), Caco Velho (Ary Barroso), Águas de Março (Tom Jobim), Carinhoso (PIxinguinha) e No Rancho Fundo (Lamartine Babo/Ary Barroso), em homenagem ao pai, Gelson, o principal incentivador de sua musicalidade.

O álbum foi lançado no ano 2000, pela Sony Music. Nas palavras de Guilherme:


“Lancei em julho de 2000 um CD de solos de piano, New Classical Piano Solos, com temas delicados e intensos. Esse CD foi inteiramente concebido e executado em meu "estudiozinho" em São Paulo, durante quase oito anos, e posteriormente lançado por meu selo Verde Vertente Audio (atual Coaxo do Sapo), com distribuição da Sony Music. O fato da Sony se interessar pela distribuição desse trabalho foi um grande incentivo para mim, por ser um produto atípico, totalmente pessoal e ético, num mercado de uma "grande mídia" apodrecida, corrupta e entregue aos ratos e baratas que compactuam com um esquema fechado à novidade.”

Apesar do trabalho impecável construído ao longo de muitos anos de composição e estúdio, Guilherme se sentiu um tanto frustrado, pois o álbum não teve a repercussão esperada, devido ao descaso da mídia. Em uma entrevista ao “Fã Clube GA Registro” (http://www.guilhermearantes.net/zine4.htm), Guilherme desabafa:

"Tive que me conformar em ver o New Classical Piano Solos na prateleira de cantores românticos, junto com Amado Batista, Odair José, José Augusto, Biafra e Peninha na Virgin Records Store, do Times Square em Nova York! E aqui no Brasil, era pra fazer o programa “Jô Soares onze e meia” mas fui preterido pela produtora Anne Porlan, pra ceder lugar a uma entrevista do Alexandre Frota, que lançava um filme pornográfico com a Rita Cadillac. Acharam que o Guilherme Arantes tocando no piano do Wladimir Horowitz, no Steinway Hall, sessenta anos depois de Guiomar Novaes tocar ali, não era pauta para o Jô. Nunca mais um brasileiro havia tocado no Steinway Hall até então".

Recentemente, durante um show em São Paulo, Guilherme também não escondeu sua decepção sobre o então lançamento da obra em 2000. Mas não se deu por vencido, anunciando que, em 2011, ano em que também comemora 35 anos de carreira, irá relançar o álbum em CD, DVD e Vinil, pela produtora Coaxo do Sapo (propriedade de Guilherme):



“O New Classical Piano Solos, um trabalho atemporal por tratar-se de um CD instrumental, voltará ao catálogo da Coaxo do Sapo, passando, antes, nada mais nada menos, que pelo Estúdio Abbey Road – aquele famoso na capa do disco dos Beatles (Abbey Road/1969) – e, depois, por prensagem analógica, na Austrália”. (http://www.planetaguilhermearantes.com/2010_cd_guilhermearantespianosolos.htm)

O álbum New Classical Piano Solos é um marco na carreira de Guilherme, a obra que o consagrou enquanto membro do Roster of Steinway Artists. E por meio de sua reedição o músico oferece, com carinho e consideração, uma nova oportunidade para que nós, brasileiros, apuremos os ouvidos e abramos o coração para admirarmos e apreciarmos suas composições instrumentais. Pois, acreditem, “tudo o que ele toca vira ouro”!



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No vídeo abaixo, Guilherme Arantes rasga o verbo acerca da pouca repercussão do disco.
Agradecimento ao fã clube "Planeta Guilherme Arantes" e a Grazi Ella Feliz Ares pela supermatéria!



quinta-feira, 21 de abril de 2011

SE ELE PUDESSE, COMEÇARIA TUDO OUTRA VEZ! (Crônica)



Dia
29 de Abril, na próxima semana, fará 20 anos que o Brasil perdeu de vez, num acidente automobilístico, o compositor de ouro. Não vamos entrar no mérito se ele era o melhor ou não, mas é fato: tratava de relacionamentos (e suas particularidades) como ninguém! Falando em relação, a minha com Gonzaguinha sempre foi de admiração... ele me lembra muito as fitas que meu pai colocava no som do carro (acredito que "O Lindo Lago do Amor", de longe, é a maior lembrança). Também guardo na memória sua participação, dentre tantos outros, do projeto "Nordeste Já", de 1985, aliado a tantos artistas de peso. A presença de Luiz Gonzaga Jr., por um motivo que não sei explicar, sempre foi marcante. Seja nas capas dos discos, ou quando o via na tevê, pensava comigo ser aquele homem um tio querido distante. Ele também se assemelhava a meus tios paternos, talvez pelo bigode e o rosto magro, além do tom lírico nas palavras. Sua despedida, em 1991, não passou em brancas nuvens. Claro que não senti como um fã pois, como criança, minha admiração era rasa. Mas foi o pontapé inicial pra que mais tarde, quando descobrisse a MPB, procurasse me inteirar mais sobre seu universo... Supresa!! Gonzaguinha era compositor de mais músicas conhecidas minhas do que imaginava! E o legal é poder curti-lo ao lado do pai, da mãe, mana...é o típico músico que agrada toda a família e desperta emoções...para nunca deixar de sonhar! Altamente recomendado para momentos diversos: Dor (Sangrando), Amizade (Petúnia Resedá), Amor (Diga Lá, Coração), Política (Comportamento Geral), Alegria (O Que é, O Que é) e por aí vai... Além do senso poético, ele pentelhou bastante a ditadura e chegou a ser apelidado de "cantor rancor" por conta de sua veia crítica contundente. Mas seus opositores não "pescaram" que até em seus "Gritos de Alerta" havia beleza e harmonia. Nosso mestre fez história na música popular brasileira e ocupa um posto único, seu, cativo.

Que meu "tio" esteja bem, com a certeza de que nunca deixará de eternizar nossos principais momentos. E só isso já lhe faz imortal!


TH




Vamos relembrá-lo como se fora brincadeira de roda...


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SANGRANDO
Gonzaguinha

Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando

Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo

Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção

E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar

Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar


TH - Todos hoje sangram...



terça-feira, 19 de abril de 2011

AMIGO MUSICAL CONVIDADO # 30 - Jardel Ther

O Às das coletâneas!


Uma vez já escrevi aqui que senti uma certa hostilidade diante de vários donos de blogs sobre MPB. Não é à toa que reduzi a lista de sites indicados no gênero em pelo menos 30%. Nunca imaginei que rolasse uma certa competitividade quando a receptividade seria tão frutífera para todos - não há nada melhor do que a troca de informações, conhecimentos sobre cantores, compositores, opiniões divergentes - unindo-as se chega a um consenso e o diálogo enfim se estabelece, enriquecendo o assunto (que já é riquíssimo, em se tratando da música brasileira).
Jardel, além de mostrar-se diferente e acessível, tem uma bagagem imensa no tema, opina com propriedade e gera até polêmicas em rede sociais graças à veia forte e crítica que tem (que faz parte da comunidade da Gal Costa, no Orkut, que o diga! A maioria dos fãs não acataram suas críticas e causaram o maior fuzuê por conta delas). O rapaz de Ubá - Minas Gerais, comanda ainda dois blogs feras no assunto: o excelente "Cantoras do Rádio", em companhia de


O rei: singela homenagem às suas sete décadas!



Quando recebi o convite de Henrick, fiquei felicíssimo em poder usar meus dotes literários e saber que seria lido. Mas aí veio a dúvida atroz: que canção eu escolheria? Poderia escolher uma canção que falasse de minha personalidade e comportamento (“Balada do louco”, “O quereres", etc.) ou alguma que ilustrou minhas epopeias passionais. Eu queria que fosse uma canção conhecida, não dava pra colocar essas canções que só EU conheço. Depois de dias pensando muito, cheguei a uma conclusão: o Rei!
Roberto Carlos – que, aliás, completa sete décadas de existência hoje, dia 19 – é um cantor que, eu, particularmente, não gosto. Gosto só das composições. Ainda assim, só nas décadas de 60 e 70. Da década de 80 pra cá, a qualidade das composições inéditas só caiu. Apesar de ter canções lindíssimas, RC também tem muita coisa brega em seu acervo. Mas como tenho meu ladinho brega, eu adoro. Esta canção que escolhi (apesar de muita gente pensar que sim) não é dele, é de Rossini Pinto. Foi gravada no LP “Em ritmo de aventura”, de 1965 e foi tema do filme.
Eu podia escolher outra gravação, já que já foi gravada por várias pessoas, inclusive Jussara Silveira e Caetano Veloso, que adoro. Mas a gravação cuja interpretação mais me chama atenção pela irreverência e cafonice é a do próprio RC. As gravações de Jussara e Caetano são muito soturnas pro meu gosto. Não acho que a canção seja isso!
A canção é minha filosofia de vida: gostar só de quem gosta de mim. Não só no sentido amoroso, como no sentido social. “Pra quê perder tempo com gente que está cagando e andando pra mim?”, penso. Ademais, tenho um sistema aquariano de viver: tratar os outros como quero ser tratado. Isso é a cara da canção! Óbvio, o eu-lírico também diz sobre o amor. Também concordo! Na canção “Sobre todas as coisas” (de Chico Buarque e Edu Lobo, que foi gravada por Gilberto Gil para o espetáculo “O grande circo místico”), há o verso “Não vê que isso é pecado: desprezar quem lhe quer bem?”. Então, pra quê sofrer dessa síndrome?
Mas há um leve problema com essa minha filosofia e está na canção “Fim de festa” (de Rosinha de Valença e Leci Brandão), que diz: “A razão até perde o sentido, pois eu duvido que o amor, ao chegar, escolha a pessoa e o lugar.” Portanto, é a contragosto que digo que não é possível manter a filosofia de “Só vou gostar de quem gosta de mim” por muito tempo. Ela acaba com uma contradição. Espere pra ver!


JARDEL THER
Blogs:
http://mpbemonos.blogspot.com/
http://cantorasdoradio.blogspot.com/


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O EnTHulho Musical aproveita para parabenizar o rei nesta data especial, sobretudo quando se está repleto de emoções em decorrência de problemas familiares tão graves. O Brasil (e o mundo inteiro) compreende sua dor e se solidariza!


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SÓ VOU GOSTAR DE QUEM GOSTA DE MIM
Composição: Rossini Pinto.
Interpretação: Roberto Carlos

De hoje em diante
Vou modificar o meu modo de vida
Naquele instante que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar
De esperar enfim
E pra começar eu só vou gostar
De quem gosta de mim
Não quero com isso dizer que o amor
Não é bom sentimento
A vida é tão bela
Quando a gente ama e tem um amor
Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar chorando até o fim
E pra não chorar
Eu só vou gostar de quem gosta de mim
Não vai ser fácil eu bem sei
Eu já procurei
Não encontrei meu bem
A vida é assim
Eu falo por mim
Pois eu vivo sem ninguém...



TH - Parabéns ao rei!!




segunda-feira, 18 de abril de 2011

ESPELHO (DESVINCULADO) DO PAI

Os diversos talentos de Diogo Nogueira



Poucos sambistas estão tão em voga quanto Diogo Nogueira no cenário da música brasileira.
É o momento dele. Recebeu premiações nos últimos anos como "novo artista" - indicações do Grammy Latino e da MTV. A carreira trilhada pelo novo ídolo foi, a exemplo de Maria Rita e Elis Regina, prejudicada pelas comparações com seu genitor, o grande João Nogueira. Mas, ao contrário do que se pensa, Diogo não se preocupou em fugir das comparações. Nem poderia - seu timbre de voz é parecidíssimo com o do pai e o repertório de seus primeiros discos é basicamente o mesmo do vanguardista João - apesar de ser autor de composições próprias também.
O grande "rompimento" aconteceu no excelente disco "Sou Eu", lançado em 2010. Nele, só a voz permanece em comum com a de João Nogueira. Diogo prevaleceu-se em ideias próprias e alcançou a identidade profissional - recheando o álbum de sucessos clássicos e densos do samba - todos os reconhecimentos acabam por ser merecidos!
Eu costumo criticar duramente os nepotismos artísticos, mas sei bem dar o braço a torcer quando alguns conseguem trilhar bem suas trajetórias - sabendo manter o elo genético enquanto inevitável, mas também arriscando todas as fichas na busca da independência. Diogo conseguiu fazer isso muito bem, com aquilo que falta à grande parte dos novos artistas: sair da zona do conforto e ter coragem de arriscar!

P.s.: Pra quem não sabe, Diogo já trilhou também uma carreira como jogador de futebol, atuando pelo Cruzeiro em 2005. Mas as rodas de samba sempre lhe seduziram de alguma forma. Não tinha mesmo como escapar...



O cantor mostra a tatuagem que fez em homenagem ao pai, o grande João Nogueira.



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ESPELHO
João Nogueira.
Interpretação: Diogo Nogueira.


Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai

Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar...



TH - Verdadeiro exemplo de "espelho"


sexta-feira, 15 de abril de 2011

ENTHULHO MUSICAL APRESENTA: MOTO PERPÉTUO!



Pra quem não conhece, foi uma banda de rock progressivo nosso artista do mês, Guilherme Arantes, participava.
Quem apresenta é a ilustre convidada Grazi Ella Feliz Ares, mais uma vez enriquecendo nossa revista musical on-line.
Boa leitura!



"Guilherme Arantes já pilotou um "Moto Perpétuo". Por Grazi Ella Feliz Ares, SP.



Guilherme Arantes foi um adolescente privilegiado. Por influência do tio que trabalhava na TV Record, presenciou, no teatro da emissora, as disputas musicais entre os cantores que se tornariam os grandes nomes da MPB. Nessa época, Guilherme já fazia parte de conjuntos musicais cujo repertório incluía canções dos Beatles e da Jovem Guarda. O primeiro deles chamava-se “Os Polissonantes”, cujo baixista era o ator Kadu Moliterno:
“Conheci o Chicão, o Pudim, o Michelin, o Kadú (Moliterno) e o Capê. O Polissonante na verdade não passou muito dos ensaios e de algumas apresentações no Tênis Clube e no Círculo Militar, onde era o máximo tocar. A gente vivia zoando no ônibus elétrico pela Aclimação, soltando sacos de bolinhas de gude no chão, e nos ensaios do conjunto eu brilhava porque tirava tudo de ouvido na hora, era o mais novinho da turma, as garotas curtiam com a minha cara de bebezão (cheia de espinhas, por uns 6 anos de inesquecível angústia).”

Apesar do talento, a família de Guilherme ainda não estava convencida de que o meio musical era o melhor caminho. Guilherme prestou vestibular para Arquitetura, influenciado pela mãe, mas não passou. Fez cursinho e, como ele mesmo diz:

“Após ralar brilhantemente naquela fábrica de salsicha - todos os ‘cursinhos’ são uma espécie de igreja de lavagem cerebral - acabei passando no Mackenzie e na tão sonhada FAU, da USP. Optei pela FAU, e gostei de cara da escola, fiz muitos amigos, e gostava muito das tertúlias musicais na casa do Bicalho, que morava perto da USP. Acho que o curso era bom demais pra mim... Já no segundo ano eu estava de novo distante, com a cabeça em outro chamado, não passei do primeiro semestre em várias matérias básicas. Conheci o Claudio Lucci, brilhante violonista, e com ele fui procurar um velho amigo, o Diógenes, o melhor baterista que vi tocar em toda minha vida.”



Quando Diógenes se uniu ao grupo, trouxe consigo o guitarrista Egydio Conde e o baixista Gerson Tatini. E assim o Moto Perpétuo (cujo nome foi inspirado numa das mais famosas obras do compositor e violinista italiano Niccolò Paganini) dava seus primeiros passos na São Paulo de 1974. O grupo recebeu grande influência do Clube da Esquina e do Rock Progressivo (estilo bastante difundido entre os estudantes da época).
Era numa casa, no bairro do Brás, que a banda marcava suas reuniões, nem sempre amistosas. Os integrantes chegaram a discutir com Guilherme por ter agendado uma sessão de gravações num estúdio muito simples: “O Moto logo gravou o primeiro disco, meio precário, com produção do Pena Smith, legendário talento, fazendo milagres no estúdio da Sonima (em São Paulo), de apenas oito canais. Na banda entraram o Gerson Tatini, baixo, o Egydio Conde, guitarrista, e a gente se enfurnou numa casa no Brás, para ensaiar. Os meus colegas, sempre brigando comigo por causa da minha ‘precipitação’ de ter aceito fazer o precioso disco num estúdio de poucos canais e em condições bem diferentes daquelas que eles tinham ouvido falar sobre o Yes, etc. Um dia o Gerson falou pra mim: ‘Você não ouve disco, saca?’ Ele era o mais radical nessa formatação para estar de acordo com uma época, e eu respondi, malcriado e injusto ‘Não ouço disco porque nasci pra fazer disco, saca?’”.

Aliás, os demais integrantes da banda eram bastante fiéis ao estilo rock progressivo, enquanto Guilherme preferia as baladas. O gosto musical de Guilherme influenciou muito a banda, já que as canções, em sua maioria, eram compostas por ele, que também era o vocalista principal. Das onze canções, apenas duas foram compostas por Cláudio Lucci. Apesar das diferenças e desavenças, o disco saiu em 1974, com arranjos bastante inusitados para a época. Como a banda não recebia espaço para divulgação na mídia, para alavancar a venda dos LPs, o grupo passou a vender as cópias durante os shows em universidades, no Teatro 13 de Maio ou em festivais hippies. Entretanto, Guilherme detestava o ambiente dos festivais hippies, se irritava com os banheiros sempre sujos e a falta de educação da plateia que não entendia a mensagem da banda: “Em Iacanga, festival de Águas Claras, fomos ser chacota da galera boçal que gritava: "Toca Rock!!". Ali se apresentaram "O Terço", "Som Nosso de Cada Dia", etc. Eu nunca gostei do lado escatológico do movimento Hippie - o fedor, a sujeira dos ‘banheiros’, a comida comunitária, os bichos grilos em profusão, num movimento já esvaziado e nostálgico. Cedo percebi a estupidez das multidões, a falsidade do tributo que cada época nos obriga a pagar... Aquele grito "Toca Rock!!" ficou sendo emblemático para mim. Cada período cobraria seu tributo, seja nos cabelos e nas roupas, nas bandas pretensiosas, no discurso político, mais tarde o bate estaca da discoteca, do "desbunde" do pó, até o pragmatismo eficiente dos Axés, dos rodeios, do Dance Music com seus DJs, MCs e Promoters, tudo me soa como se o mundo houvesse "curralizado" a cultura de massa. Também, de que vale essa cultura?”

Sobre o Moto Perpétuo, é interessante notar a ingenuidade das composições do grupo, a maioria das canções era composta por poemas musicados. Recentemente, comprei um dos últimos exemplares do relançamento em CD, pela Warner. É, sem dúvida, um disco para ser saboreado... A cada audição é possível destacar uma canção. “Duas” é uma balada bem ao estilo Elton John. “Verde Vertente” é, de longe, a música preferida de Guilherme (e até hoje faz parte do playlist de seus shows). “Matinal” é uma faixa deliciosa, com uma pegada hippie. “Conto Contigo” é bem animada apesar da letra quase enigmática. “Mal o Sol” tem o refrão recorrente como um mantra. “Não reclamo da chuva” outra composição enigmática, com vocal bastante inusitado, gostosa de cantar. Em todas as canções, a voz do Guilherme é aconchegante, chama a atenção para as letras e linhas melódicas de sua composição. “Três e eu”, composta e interpretada por Cláudio Lucci é uma faixa que também merece destaque, pela introdução com um violão meio flamenco, se desmanchando na melodia bastante poética: “Eram três e eu, noite apontou... eram três e eu, num subúrbio que passou... Vagão vago azul, carvão vapor... eram três e eu... vento escuro nos cabelos”.
Após este disco, cada integrante da banda tomou um rumo próprio, em busca do sucesso. Guilherme Arantes trabalhou com a composição e gravação de alguns jingles e partiu em busca de apoio para gravar um disco solo, que em 1976, estourou nas paradas musicais com Meu Mundo e Nada Mais: “No final de 75 resolvi seguir o meu destino de cantor popular e fui procurar a Som Livre, na Rua Augusta, em frente ao atual Columbia. Na época, as baladas pianísticas de Elton John estavam na moda, eu estava com sorte. O Otávio Augusto, o Guto Graça Mello e o João Araújo resolveram me lançar como tema da novela das 7 ("Anjo Mau"), e aí sim começaria de verdade a minha história”.

Uma história, diga-se de passagem, de muito sucesso e grandes conquistas...



Texto exclusivo do EnTHulho Musical. Todos os direitos reservados.


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Agora, vamos à música do Moto que o próprio Guilherme considera como a sua favorita!


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VERDE VERTENTE
Moto Perpétuo.
Composição: Guilherme Arantes

Granulou-se verde vertente
onde o brilho solar atinge
muitos anos já se passaram e quase não vi
que espalhou-se o verde em vertente
onde o brilho solar refringe
muitos anos já se passaram que desconhecia
o seguinte passo
nada que não faço mal e mal me faça passar
qual a nova sêde
que é de tanta sêde que não sente
não é nova, novamente
nesse assônico escuto o simples
pois há meios de boa fala
muitos anos já me bastaram sem voltar aqui
nesse assônico escuto o simples
pois semeio-me sem forçá-lo
muitos anos já me bastaram até este dia...



TH - Mais uma luxuosa colaboração de Dona Grazi! Obrigado!



quarta-feira, 13 de abril de 2011

AMIGO MUSICAL CONVIDADO # 29 - Luiz Monaro!

Defensor incrível da difusão cultural!



O Luiz tem um blog chamado "Avante Cultura".
É seu cartão de visitas. Não há melhor apropriado, afinal o que mais "grita" na personalidade do rapaz é mesmo essa preocupação intensa de difundir a cultura em seus mais variados ramos.
Além da musical, é um deleite ler suas observações literárias, cinéfilas e até televisivas, sempre com comentários oportunos e relevantes, numa visão jornalística muito apurada.
Nos conhecemos na blogsfera, quando ele "encontrou" o EnTHulho Musical e confessou ser esse um projeto que ele tinha em mente - a comunicação musical, ou seja, depositar todos seus sentimentos, alegrias, tristezas, aleluias e necessidades nas letras de compositores certeiros. Já demonstra bastante a sensibilidade e o senso cultural do moço, e é muito legal constatar que a juventude de hoje não reserva espaço apenas pra cultura descartável - há sim muitos, como o Luiz, que enfoca a de qualidade, de maneira bem palatável!
Acho muito legal e até providencial certos encontros na vida - aquela coisa de "gente como a gente" - com algum traço característico marcante que justifica a afinidade estreitada nas vias virtuais.
Luiz já é daqueles que não podemos "perder de vista". Nossas conversas ainda são bastante rarefeitas, mas é "gente de qualidade" que todos merecem ter por perto! Vale destacar, em off, que Luiz foi o convidado mais rápido que enviou o texto - pedi, já estava pronto! Aproveito pra me desculpar pela demora, ocasionada pelos atrasos nas postagens e pela "fila" de gente que já tinha escrito...

O rapaz de São Caetano (SP) convida todos a lerem seu delicioso relato, ouvirem sua música eleita e, claro, visitar seu blog!



Pedro Mariano: bom senso artístico e qualidade genética, estreando no EnTHulho!


É um prazer imenso contribuir com esse blog, que eu achei meio por acaso, mas que já tem rendido bons frutos em prol da nossa cultura e da amizade.
Volto a parabenizar-lhe pela iniciativa do blog, pois em meio a tantas modinhas e atrocidades à nossa música, é possível encontrar aqui, a verdadeira essência da música brasileira.
Thiagão, quando você me perguntou se eu participaria do quadro “Amigo Musical”, eu não teria como não aceitar! E juro, que logo me vieram várias ideias à mente. Mas, para escolher UMA música só, é sacanagem né? Eu faria uma lista, com no mínimo 10 músicas (mas, uma lista mínima mesmo). E foi aí, que eu decidi ver as músicas que já haviam sido citadas por aqui. Descobri que as minhas primeiras escolhas já tinham sido apresentadas. Repetir fica feio!
Parafraseando Drummond, “E agora Luiz?” Momentos de tensão.
Flávio Venturini e Chico Buarque seriam as minhas primeiras escolhas, com Céu de Santo Amaro e Roda-Viva, respectivamente. Eu teria de mudar a escolha.
Poxa, vi muita coisa boa, como Gonzaguinha, Lenine, Adoniran, Guilherme Arantes. Então, decidi escolher uma música de um cara que herdou o talento dos pais. Nem sempre, filho de peixe, peixinho é! Mas, nesse caso, o cara representa muito bem o nome da família. Grande talento da chamada “nova geração”, foi com uma de suas músicas que eu me apaixonei ainda mais por MPB.
Irmão de Maria Rita, filho de Elis Regina e César Camargo Mariano, Pedro Mariano é, em minha opinião, um dos nossos melhores intérpretes atualmente.
Conheci o trabalho dele em 2001, aos 16 anos, quando não tirava do meu CD player, O Rappa e Charlie Brown Jr. Já conhecia MPB (cresci no meio de discos do Chico, Tom, entre outros), mas, aquela música abriu ainda mais meus ouvidos.
Voz no ouvido embalou meus amores pueris no colégio, esteve comigo em momentos felizes e tristes. Quantos telefonemas eu não fiquei esperando! Quantas vozes no ouvido eu não queria ouvir?
A letra dessa canção é de Jair Oliveira, grande parceiro do Pedro e outro daqueles com talento herdado, e apesar de não aparecer tanto como intérprete, tem escrito canções de muito sucesso.
Então, como canta Pedro Mariano, “deixa de lado essa tristeza/(...)chega de perder tanto tempo...”, e curta essa maravilha na íntegra!


LUIZ MONARO



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VOZ NO OUVIDO
Pedro Mariano.
Composição: Jair Oliveira / Flávio Venutes

Tava esperando um telefonema teu
Tava precisando de uma voz no meu ouvido
Tava imaginando teu olhar mirando o meu
Tava desejando um beijo em teu umbigo
Tá legal, falei o que não devia
Me dei mal, mas amanheceu um novo dia
Já esqueci, pensei em ti, decidi:
Tô aqui esperando pra ver se você vem.
Deixa de lado essa tristeza
Beija, afasta esse tormento
Deita nesse amor desarrumado
Chega de perder tanto tempo



TH - Adoro "embarcar em cheio" nas escolhas dos ilustres convidados!



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