Dia 28 de Fevereiro de 2005, uma Segunda Feira igual hoje, estreava um blogue despretensioso que consistia na comunicação via letras de música brasileira. Se estava triste, colocava uma letra que mostrasse esse estado de espírito. A mesma coisa com os momentos alegres, reflexivos...
Por anos o blogue ficou hospedado no Globo.com (Blogger) até que, em Abril de 2010, passou pro blogspot, onde está até os dias atuais. Com aspecto mais jornalístico e com crônicas da música brasileira - minha e de convidados, é uma das coisas hoje que mais me orgulham na vida!
Feliz por manter por tanto tempo essa relação de amor com a música brasileira por esse espacinho. Tão feliz que gostaria de compartilhar com vocês, hoje, o lançamento segunda edição do cd da trilha sonora do EnTHulho - com músicas que já passaram aqui pelo blog. O critério utilizado na seleção é apenas o de hits que já apareceram (ou ainda aparecerão) nas "páginas" de nossa revista musical.
Espero que gostem. Quem quiser lembrar da primeira edição, clique aqui! Abaixo, a lista da edição de hoje!
[Relembre a primeira versão do blog EnTHulho aqui]
ENTHULHO MUSICAL - VOLUME II!
1) FERNANDA PORTO & CHICO BUARQUE - Roda Viva 2) KÁTIA B - Segredos 3) ZUCO 103 - Treasure 4) ADRIANA CALCANHOTTO - Remix Século XX 5) EL DEBARGE & ART PORTER - Dindi 6) NEY MATOGROSSO - Um Pouco de Calor 7) OS PARALAMAS DO SUCESSO - Saber Amar 8) ZÉ RENATO - Samba Lelê 9) ZÉLIA DUNCAN - Pelo Sabor do Gesto 10) RENATO RUSSO - Mais Uma Vez 11) DJAVAN & CÁSSIA ELLER - Milagreiro 12) GUILHERME ARANTES - Amanhã 13) GONZAGUINHA - Lindo Lago do Amor 14) LENINE - Leão do Norte 15) ALCEU VALENÇA - Solidão 16) O RAPPA - O Que Sobrou do Céu 17) MERCEDES SOSA & MILTON NASCIMENTO - Volver a Los 17 18) SECOS & MOLHADOS - Rosa de Hiroshima 19) ELIS REGINA - Fascinação 20) JANE DUBOC - Verdes Anos
Conturbado mês esse de Fevereiro de 2011. O que acontece é que quando a vida pessoal passa por mudanças radicais, não dá pra deixar de refletir também no blog (ainda mais a quem se confunde com o mesmo, como eu).
Poucos posts comparado aos meses anteriores, procurei priorizar a artista do mês, Adriana Calcanhotto, e o objetivo foi alcançado. Mas fiquei devendo matérias de demais artistas...
Sorte ter contado com ajuda de grandes amigos convidados, como Dan McPhee, que escreveu uma bela crônica sobre Adriana, Eduardo Secco (que também é colaborador gráfico do EnTHulho e escolheu Renato Russo), e Walter de Azevedo, que recomendou a parceria de Ana Carolina e Seu Jorge (É Isso Aí). Fechando o mês, homenageei minha terra querida, Maceió (a qual deixei pra me aventurar nessa selva de pedra maluca e também atraente Sampa) com Carlos Moura, que criou outro verdadeiro hino da cidade.
E já que saí do Nordeste, não posso, contudo, deixar de relembrar minhas origens. Talvez por isso a escolha do artista de Março tenha sido um dos nordestinos que mais tem história no mundo da música brasileira, que é o super Alceu Valença! Aguardem um mês de Março bem arretado com o mestre pernambucano.
Vamos ao Ranking do mês?
Matérias sobre Adriana Calcanhotto em Fevereiro (clique pra conferir)
[Cronista convidado: Dan MCPhee*] [Ao som de "Esquadros"]
Só a voz e o talento musical já seriam suficientes para me cativar mas, neste caso, fomos além: ela ainda era inteligente e sensível, poeticamente loquaz e milimetricamente precisa no seu traduzir as emoções; fazia-me crer, com requintes de magia, que observávamos o mundo de lugares diferentes, mas – como duvidar? - sob o mesmo prisma, do mesmo ângulo... Não sei bem por qual razão mas, até há bem pouco tempo, acreditava que compartilhávamos, inclusive, a mesma casa zodiacal. É que alguns encontros são tão perfeitos que quase os inventamos em mapa astral e forjamos coincidências que os tornem ainda mais incríveis – como se fosse necessário melhorar aquilo que, por si só, já é suficientemente bom e epifânico. Como disse, errei. Ela, libriana melíflua de “remoto controle”. Eu, uma casa atrás, esquadrinhando tudo, atento, do meu cantinho: virginianíssimo. Acho que “filtrar os graus” deve ser, de longe, a tarefa a que ela e eu mais nos dedicamos. Ela, então, verte observações em letra e música como se, depois de criar a alma, fosse capaz de lhe dar um corpo ao qual realmente merecesse estar unida, por força e graça da mais fina sintonia, transformando o produto final naquilo que todo artista pretende que seu trabalho seja: porta-voz das emoções e do modo de ver que deram, afinal, origem e sentido àquilo. E, sim, tenho o palpite de que muitos concordarão quando digo que Adriana é isso: uma sensibilidade vitoriosa, capaz de se fazer ouvir e sentir sem muito esforço, posto que é inteligentemente simples, embora, simultaneamente, encerre complexa sabedoria ao descrever tão bem, em linhas musicais, estados d´alma, por vezes, tão custosos de se traduzir ou assumir. Dei-me conta disso quando, num daqueles repentes felizes, subitamente escutei numa canção sua uma verdade, meu Deus, tão minha: “Há algo que jamais se esclareceu: onde foi, exatamente, que larguei, naquele dia mesmo, o leão que sempre cavalguei?” Passei, junto dela, a procurar o tal leão que, muito vezenquando, reencontro aqui e ali, lembrando-me sempre de agradecê-la pelo conselho, pela luz, pela metáfora tão bem construída de uma vida que, teimosa, insiste em se decompor e se recompor só pra ver se há na reinvenção alguma graça, algum motivo, algum regozijo oculto – quiçá clandestino? Porque embora haja a dor, o sufoco, as perguntas sem respostas e o eterno perscrutar da alma e do sentir alheio que nos causam enorme cansaço e nos desafiam os esquadros do entendimento, há também momentos outros em que, de nós desatados, podemos nos render à “maresia” e conhecer outros portos, outras nuances, maneiras mais leves de sentiviver guiados – oh, maravilha! – pela mesma voz e pela mesma sabedoria das horas mais profundas e analíticas de existir. Sim, porque quem tem sensibilidade suficiente para tocar, através da música, questões tão profundas da humanidade, também há de ter (como Adriana tem!) olhos bem atentos para o que é simples, despretensioso e franciscano. Aquilo tudo a que, se você entende o que viver realmente representa, sabe dar valor e aproveitar até a última gotinha. Eis, de novo, a diferença: eu aproveito, ela, musica! Torna tudo em delícias cantadas só para nos ouriçar ainda mais os sentidos e potencializar o desfrute, o sorver, o entender da coisa! É que, “cantadas”, as verdades doem menos. O espelho fica menos agressivo e, o melhor disso tudo, o que é bom não deixa de acontecer: refletimos. Passamos, sorrindo, por momentos que, sem as cores e o encanto da boa música, talvez fossem insuportavelmente cinza e sofridos. É o poder do pozinho mágico de “par-tim-pim”: dar asas ao coração e à imaginação de forma doce, embalando sonhos, ratificando frustrações, fazendo explodir os desejos e as revoltas de uma maneira que, de tão poética, nem configura mais agressão, é antes um grito musicado de liberdade ou, quem sabe, de redenção pela arte. Sei é que Adriana me justifica, por isso eu a amo. Experimento, através dela, a maravilhosa sensação de cumplicidade não de ações, mas de motivos. Aquela sintonia mais profunda, capaz de fundir em amálgama duas sensibilidades afins. Dois gritos que ecoam no espaço a favor de uma mesma almejada liberdade. Dois questionadores. Dois pensa-dores. Duas lágrimas de alegria ao final da mesma epifania. Ah, que mais dizer? Melhor sentir. O silêncio dará cabo de maneira mais satisfatória da tradução do que vem depois...
Vambora!
* É professor de São Paulo e dono dos seguintes blogues:
Nosso amigão Rabicó (não perderia essa por nada deste mundo! hahaha)
Se as pessoas soubessem o quanto agradabilidade é uma qualidade de poucos...
Ninguém consegue o feito de arrancar elogios de troianos e gregos. É assim no Big Brother Brasil, no mundo da MPB ou numa sala de aula: sempre haverá alguém/algum que não despertará, por algum motivo, simpatia e quebrará violentamente a sensação de unanimidade. Nem Jesus Cristo conseguiu...
Fez-se necessário esse parágrafo preliminar pra comemorarmos quando encontramos pessoas que ostentem o título de "quase unânimes". Algo do tipo, como diz a música: "se você crê em Deus, erga as mãos para o céu e agradeça". Conhecer gente com aura que agrade tantos é sinal de coisa boa. Das melhores possíveis! :)
O Walter é agradável de se conversar e de se ler. Falo ler pois, além de escrever bem, ele é super divertido na maneira de se expressar nas redes sociais - dentre elas o Twitter, a que mais domina (escreve tanto por lá que já o denominei, merecidamente, de Garoto Twitter!). Talentoso e inteligente, sua postura é tão pessoal que até os momentos de mau humor dele conseguem arrancar risos e entreter. Ele interage tão bem que faz-se impossível não pensar que estamos diante dele em uma mesa de bar, mesmo à distância. Esse sorrisão que estampa na foto mostra que estamos diante de um cara super divertido e humano, e que vale a pena seguir (nas redes e na vida!).
Nosso encontro pessoalmente está a um passo de acontecer, mas escrever essas linhas conhecendo-o apenas virtualmente é o suficiente pra dar um #FF eterno no guri de Santos (SP). Altamente recomendado! :)
P.s.: Pra quem não entendeu a brincadeira do "Rabicó", é que, quando ele foi selecionado para participar do quiz "Video Game", apresentado pela Angélica, na Globo, uma das "prendas" pagas pelo nosso ilustre convidado foi se vestir de porquinho Rabicó. Acreditem: um dos momentos mais engraçados que eu pude contemplar na vida diante de uma TV! hahahaha!
Ana e Jorge: parceria que deu certo!
Algumas vezes, enquanto dormimos, ficamos em uma zona entre a realidade e o sonho. De alguma forma, o que ocorre à nossa volta, influencia no que acontece enquanto dormimos. Isso deve ter algum nome científico, o que não vem ao caso. Foi numa situação dessas que tive contato com a canção “É Isso Aí (The Blower’s Daughter)”.
A versão original dessa música foi o primeiro hit de Damien Rice, lançado em 2001. Até aquela tarde, eu não sabia da sua existência.
Num sábado quente, resolvi me deitar e dormir um pouco, deixando a televisão ligada no Multishow, já que não consigo dormir com silêncio. Lá pelas tantas, no meio do meu sono, foi que aconteceu a “invasão de realidade” sobre a qual eu falei no início. O meu sonho, que sinceramente não lembro qual era, começou a ser embalado por uma canção desconhecida, mas linda! Os apreciadores das boas vozes vão entender que sonhar com Ana Carolina e Seu Jorge cantando é quase divino e foi exatamente essa a sensação que eu tive, sem nenhum exagero. Parecia que dois anjos cantavam pra mim enquanto eu dormia. Aos poucos fui despertando, querendo saber de onde vinha aquela música e pensei que, quando despertasse, ela pararia. Graças a Deus isso não aconteceu. Meio dormindo, meio acordado, levantei a cabeça pra ver de onde vinha a música. Vinha da televisão, onde o clip era exibido.
Talvez essa sensação onírica que tenho com É Isso Aí, se deva à forma como ela entrou na minha vida. Não é sempre que isso acontece. De qualquer forma, até hoje, quando escuto, me emociono, e retomo essa sensação de sonho. É Isso Aí me lembra aquela historinha que contam de que a música é uma das formas de entrarmos em sintonia com o divino.
Claro que depois eu fui procurar o cd, ouvi, e me deliciei com a qualidade dele, mas o posto de canção preferida do álbum, vocês já sabem pra qual vai.
É ISSO AÍ [The Blower's Daughter] Damien Rice. Versão: Ana Carolina Interpretação: Ana Carolina e Seu Jorge É isso aí! Como a gente achou que ia ser A vida tão simples é boa Quase sempre
É isso aí! Os passos vão pelas ruas Ninguém reparou na lua A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar Eu não sei parar de te olhar Não vou parar de te olhar Eu não me canso de olhar Não sei parar De te olhar
É isso aí! Há quem acredite em milagres Há quem cometa maldades Há quem não saiba dizer a verdade É isso aí! Um vendedor de flores Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar Não sei parar de te olhar Não vou parar de te olhar Eu não me canso de olhar Não vou parar de te olhar É isso aí!
Bebe fácil na taça de poesia alheia para imprimir as suas
Quando na época de seu primeiro disco, "Enguiço", em meio a tantas interpretações num repertório diversificado e versátil, lááá na penúltima música encontrava-se uma composição sua, "Mortaes". Seria leviano negar que este foi o primeiro grande impulso pra que passasse de intérprete de talento a compositora conceituada e poetisa de mão cheia e renomada. Já no álbum "Senhas", assina nove das treze letras, firmando-se como uma das melhores compositoras femininas que este país já teve e não parou mais - seus trabalhos posteriores vieram recheados de composiçõess suas.
Eu costumo dizer que Adriana é uma romântica-moderna - tem a linha "cool" de expressão, mas o conteúdo é aquele de menina que poetiza o próprio diário confessional - que compartilha suas dúvidas e receios como uma Anne Frank faria. Não apenas o seu eu-lírico é retratado - as impressões fragmentadas sobre fatos da vida, pessoas, movimentos culturais, homenagens a expoentes importantes...tudo é feito na mesma maestria. Alguns a chamariam de pós moderna, diante sua indefinida classificação diante de uma infinidade de características aparentemente dissociadas entre si. Mas seria apenas um rótulo - Adriana só queria cantar e difundir sua arte. Ela tinha consciência que seu papel na música ia muito além e não deveu nada na condução dele...
Além da consolidada carreira musical, Adriana se tornou conhecida por conseguir, em poesia (a escrita mesmo), expressar tudo o que sente. É uma forma adicional de manifestação cultural que esta grande mulher encontrou também de compartilhar seus medos, angústias, alegrias e aleluias. Não tenham dúvidas que a relação com a filha de Vinicius de Moraes lapidou esse dom - a modernista deveria ser citada constantemente nos livros de literatura do colégio, pois consegue manter acesa a chama dos poemas e poesias, que parecia tanto estar desvalorizada nessa constante falta de alma nos trabalhos contemporâneos...
Parceiros? Inúmeros...cada um representando uma faceta da versátil cantora. Waly Salomão poderia ser enquadrado como o máximo expoente romântico...Arnaldo Antunes o inverso - e nesse bojo ainda encontramos Caetano Veloso, Vinicius de Moraes, Antonio Cícero, Pérciles Calvalcante, Mario de Sá-Carneiro, Jacques Prévert, Gertrude Stein...também, pra fugir um pouco da poesia (ou não), podemos elencar outras grandes parcerias de Adriana como a com Maria Bethânia - ela não se cansa de dizer que o disco "Enguiço" é inteiramente dedicado a ela, dentre outros tantos. Basta uma afinidade pra justificar a parceria...
A poesia de Adriana também se reflete no estudo da música brasileira. Há como não ouvir o disco "Marítimo" (1998) e não achar que o mesmo poderia pertencer tranquilamente à fase mais áurea da Tropicália? Como diz meu amigo Márcio Nicolau, ela é o próprio Caetano Veloso de saias!
Que feliz constatar que ainda existem poetas vivos na música popular brasileira. Que no desenfreado capitalismo que impera, não vendem sua ideia ou alma. E que bom que temos Adriana até hoje, no meio desses ares todos, pra nos salvar!
"Mas que sensibilidade é esta? Como nomeá-la sem trair o desejo da própria autora, que sonha fazer uma música que seja somente música, um som apenas som, sem compromisso com qualquer finalidade anterior à busca da expressão artística e que, portanto, seja extrínseca à obra de arte considerada em sua autonomia? Essa recusa parece revelar uma sensibilidade que muitos nomeiam como pós-moderna, mas isso também é muito discutível. Conforme expõe Antonio Cícero, que considera uma bobagem falar-se em “pós-moderno”, a atitude de rejeição ao comportamento das vanguardas, que tanto caracterizaram a modernidade, não significa uma recusa do projeto moderno, mas um amadurecimento do mesmo, que passa a aproveitar todas as possibilidades combinatórias de experiências que se acumularam por séculos e séculos de história. Em vez de nos aprisionarmos em rígidas plataformas poéticas, devemos devorar tudo, antropofagicamente, conforme propõe Adriana. Por isso, assim como ela, proponho a todos que passemos a comer Caetano, Cícero, Cavalcanti, Antunes, Stones e quem mais de bom seja servido à nossa mesa ou rádio."
Marciano Lopez, sobre a obra de Adriana Calcanhotto, para a revista "Outras Palavras".
************************** UNS VERSOS Adriana Calcanhotto Sou sua noite, sou seu quarto Se você quiser dormir Eu me despeço Eu em pedaços Como um silêncio ao contrário Enquanto espero Escrevo uns versos Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo Se você quiser ouvir O seu eunuco, o seu soprano Um seu arauto Eu sou o sol da sua noite em claro, Um rádio Eu sou pelo avesso sua pele O seu casaco
Se você vai sair O seu asfalto Se você vai sair Eu chovo Sobre o seu cabelo pelo seu itinerário Sou eu o seu paradeiro Em uns versos que eu escrevo Depois rasgo
Bem diversos, diga-se de passagem: saudosismo, apreensão, empolgação, felicidade, tristezas...
Piscianos não curtem muito mudanças, mas usam e abusam de seu potencial de adaptabilidade também.
A música a seguir é meio que um hino do local: não há maceioense que não sinta aquele orgulhinho brotando no peito ao ouvi-la, esteja onde estiver. Não é uma música-homenagem tão conhecida como "Aquele Abraço" do Gil (RJ), "Leão do Norte", do Lenine (PE) ou "Sampa", do Caetano (SP), mas não importa: é de coração também!
Um beijo, minha querida e acolhedora Maceió: paraíso das águas e de belissimas paisagens. Fará muita falta!
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MEDLEY: MINHA SEREIA / ESTRELA COR DE AREIA Carlos Moura Interpretação: Dudel
Mergulhar no azul piscina Do mar de Pajuçara Deixar o sol bater no rosto Ah que gosto que dá!
E as jangadas partindo pra o mar A pescar minha sereia Maceió, minha sereia...
...
É do mar é do mar estrela cor de areia É do mar é do mar cortado de lua cheia
Nas asas de Garça Torta vou a Paripueira no Riacho que é Doce tapioca Ipioca
Massa ver Massagueira Ilha da fantasia Ver o nascer do dia Em Maceió Em Maceió Em Maceió Em Maceió...
Adriana Calcanhotto, a despeito da verve mais cult que ocasionalmente ostenta, é perfeita pra embalar cenas teledramaturgicas! Sua voz suave, contida e delicada já fez história na história da telenovela brasileira...aliás, ela começou já no mesmo ano de sua projeção nacional: em 1990, a mesma “Naquela Estação” que dominava as rádios do país tocava na novela “Rainha da Sucata” e por aí vai...
Fãs mais xiitas criticam sua superexposição na mídia televisiva e acusam de ter "super dosado" sua popularidade, mas muitos gostam de vê-la devidamente sonoplastizando cenas de nossas telenovelas. Mesmo trabalhos menos óbvios acabam parando nas trilhas das novelas – se a atmosfera intimista e às vezes difícil da canção casa com os personagens, não sei, mas recheiam de beleza e enriquecem mais as trilhas apenas pela onipresença de Drica nelas! Seleção, como sempre, meramente afetiva – dando o gancho pra comentários discordantes e complementares!
1) NAQUELA ESTAÇÃO (Rainha da Sucata, 1990, Globo) O primeiro lugar vai para a música composta por Caetano Veloso que foi a grande responsável pela difusão de Adriana Brasil afora. Não por acaso, foi tema da trilha nacional de Rainha da Sucata, de Sílvio de Abreu – especificadamente da personagem sensível e tímida de Renata Sorrah (Mariana) – uma diferença abissal diante das personagens escandalosas e viscerais que a atriz costuma interpretar. A música casou perfeitamente com o comportamento mais recatado de Mariana, que se casou com Renato (Daniel Filho) e, posteriormente, envolveu-se com Jonas (Raul Cortez). Inesquecível!
2) MENTIRAS (Renascer, 1993, Globo)
O segundo lugar é um dos maiores sucessos da carreira de Adriana Calcanhotto. A melodia doce e simples, aliada a uma letra profunda e íntima catapultaram o disco “Senhas” ao mais alto grau de sucesso e boa parte se deu aos dramas da (mal construída) personagem Mariana (Adriana Esteves) da novela Renascer, de Benedito Ruy Barbosa. A moça não fez muito sucesso, mas seu tema marcou e ficou na nossa memória pra sempre!
“...que é pra ver se você volta. Que é pra ver se você vem...que é pra ver se você volta pra mim...”
3) DEVOLVA-ME (Laços de Família, 2000, Globo)
Em 2000, Adriana voltava a fazer sucesso em trilhas de novelas. A música “Devolva-me”, feita sob encomenda pra “Laços de Família”, trama de Manoel Carlos, fez questão de manter Drica no pedestal das maiores cantoras de MPB recorrentes nos temas de novela. A canção embalava a personagem de Regiane Alves, Clara, que se sentia pra trás diante do fato de ver seu marido Fred (Luigi Barricelli) trocando-a por uma garota de programa, Capitu (Giovanna Antonelli).
“...o retrato que eu te dei...se ainda tens não sei...mas se tiver, devolva-me”
4) METADE (Quatro por Quatro, 1994, Globo)
Esta musica, do álbum “Fábrica do Poema”, é uma das mais lembradas da trilha de “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi, justamente por ser tema da personagem que, em determinados momentos, levou a trama consigo: Babalu (Letícia Spiller). Seu romance com Raí (Marcelo Novaes) fez que o casal se apaixonasse nos bastidores e casasse. Será que “Metade” ajudou nisso? Não sei, só sei que ela merecia estar mesmo nas primeiras posições deste ranking.
“Eu perco as chaves de casa, eu perco o freio. Eu estou em milhares de cacos eu estou ao meio. Onde será que você está agora?...”
5) VAMBORA (Torre de Babel, 1998, Globo)
Curioso tema de novela. A música – sem querer fazer alusão ou apologia alguma à causa, foi tema do casal lésbico interpretado pelas sofisticadas Cristiane Torloni e Silvia Pfeiffer (Rafaela e Leila), na novela “Torre de Babel”, de Sílvio de Abreu, que foi ao ar em 1998. Ante à rejeição do público á felicidade de ambas, o autor, à contra vontade, eliminou as personagens na explosão do shopping. Mas não conseguiu afundar de nossas memórias a deliciosa música que pontuava suas cenas.
“Entre por essa porta agora e diga que me adora. Você tem meia hora, pra mudar a minha vida. Vem, vambora, que o que você demora, é o que o tempo leva...”
6) MAIS FELIZ (Suave Veneno, 1999, Globo)
Mais uma personagem de Letícia Spiller teve Adriana como tema específico. A novela “Suave Veneno”, de Aguinaldo Silva, foi quase que unanimamente uma droga – o que não se pode dizer da trilha sonora. A vilã Maria Regina, contudo, não tinha muito a ver com o enredo “Mais Feliz” que a música (de Cazuza e Bebel Gilberto) pregava, mesmo que por um segundo...
“Fure o dedo, faça um pacto comigo. Num segundo teu no meu. Por um segundo mais feliz”
7) MULHER SEM RAZÃO (A Favorita, 2008, Globo)
A música integrou certeiramente a trama da novela “A Favorita”, de João Emanuel Carneiro. Entretanto, na minha opinião, nos personagens errados. Era tema de Donatela (Claudia Raia) e Zé Bob (Carmo Dalla Vecchia), porém, pelo conteúdo da letra, faria mais sentido se integrasse o núcleo da sofrida e submissa Catarina (Lilia Cabral), que, no final das contas, era a mulher pura emoção e sem nenhuma razão que merecia ouvir os sábios conselhos de Adriana...
“Saia...dessa vida de migalhas...desses homens que tratam...como um vento que passou.,.”
8) JUSTO AGORA (Agora é que são Elas, 2003, Globo)
Não, eu não vi “Agora é que são elas”. A trama de Ricardo Linhares não me cativou como deveria e a abandonei no começo do jogo. Nem sei se “Justo Agora” pontuou bem as cenas de Léo (Débora Falabella). Porém, eu tenho uma verdadeira tara por essa música – quem nunca viveu essa situação – de, quando já se resignou ao término da relação e seguiu em frente, ouve que a outra pessoa andou querendo saber de ti? Mais uma vez Adriana verbaliza e musica nossos mais tolos e simples sentimentos de forma soberba...
“Agora...logo agora...justo agora...!”
9) MARESIA (Desejos de Mulher, 2002, Globo)
A novela não foi grande coisa, mas o universo da moda e os entrechos chiques e bem cuidados garantiram uma trilha sonora pra lá de arrojada – na minha opinião, uma das melhores trilhas nacionais da história da teledramaturgia. No meio disso tudo, a ensolarada “Maresia” deu uma leveza adicional a uma trama que poderia ter realmente dado certo, se não fossem os problemas pessoais de Euclydes Marinho e as mudanças grosseiras de comportamentos dos personagens – o que fez com que a trama ficasse quase nada crível!
"Ah se eu fosse marinheiro, era eu quem tinha partido!"
10) ...E O MUNDO NÃO SE ACABOU (O Fim do Mundo, 1996, Globo)
Não há registro em disco nenhum de Adriana dessa regravação de Carmem Miranda. Não em versão de estúdio – no disco ao vivo “Público”, de 2000, contudo, ela introduz o show com ela. O que nos leva a crer que a moça fez esse tema exclusivamente pra mini-novela “O Fim do Mundo”, de 1996. Prova que a vibe interprete de Adriana sempre esteve tão em alta quanto suas composições próprias. A maior parte das coisas que toca vira ouro mesmo!
"Acreditei nessa conversa mole...pensei que o mundo fosse acabar..."
CURIOSIDADES/MENÇÕES HONROSAS
- Adriana interpreta a música "Do Fundo do Meu Coração", da dupla Roberto e Erasmo Carlos, e já integrou duas trilhas sonoras: da novela Dona Anja (1996, SBT) e do remake Global de "O Profeta" (2006), como tema da personagem de Vera Zimmerman.
- Pouca gente sabe, mas a música "Inverno", uma das que os fãs mais gostam, integrou a trilha da novela "Colégio Brasil (1996, SBT). Apesar de nunca ter sido lançado nenhum disco, ela estava lá, tocando com certa regularidade.
- Adriana já esteve duas vezes numa mesma trilha sonora: aconteceu em "Passione" (2010, Globo). Na releitura de "Gatinha Manhosa" (pertencente a seu pseudônimo "Partimpim" e ao disco Partimpim 2, de 2009, mais uma vez interpretando Erasmo Carlos) e com a bela "Canção de Novela", que pertencia à exótica personagem Melina (Mayana Moura);
- Adriana também participou das comemorações a Tom Jobim da novela "Páginas da Vida". A cantora interpretou "Outra Vez";
- Foi também uma das cantoras a homenagear a obra de Chiquinha Gonzaga em minissérie homônima, cantando "A Brasileirinha"
- Outras grandes músicas de novela: "Três", em Ciranda de Pedra 2008 e "Pelos Ares", em "O Beijo do Vampiro - 2002".
Agora já é hora do tradicional "UFA" e deixar o campo aberto pras discussões!
*********************************************** NAQUELA ESTAÇÃO Caetano Veloso. Ronaldo Bastos. João Donato. Interpretação: Adriana Calcanhotto
Você entrou no trem E eu na estação Vendo um céu fugir Também não dava mais Para tentar Lhe convencer A não partir...
E agora, tudo bem Você partiu Para ver outras paisagens E o meu coração embora Finja fazer mil viagens Fica batendo parado Naquela estação....
E o meu coração embora Finja fazer mil viagens Fica batendo parado Naquela estação...
Quando convidei o Eduardo (Duh) pra a seção, o garoto estava estreando sua primeira minissérie "A Estreia", iniciativa de dramaturgia pela internet, no canal Casablanca (http://www.canalcasablanca.com.br/). Na ocasião, ele pediu: “Acho que escolherei como minha música “Tempo Perdido”, do Legião Urbana, tem mais a ver com o momento que estou passando agora”. A produção falava justamente daquela fase em que os jovens saem da faculdade e encontram-se perdidos, sem saber direito o que fazer e com o iminente medo da perda de tempo de vida. Disse-lhe, contudo, que a música já tinha sido escolhida por outro amigo, então ele mudou para “Mais uma vez”, do mesmo Renato Russo. Algum tempo depois, entrei em contato com o moço e, ante a desistência do amigo que quis a música do Legião, ofereci-lhe novamente. “Não, deixa “Mais Uma Vez" mesmo. "Tempo Perdido" representou apenas uma fase. Mais uma vez é muito melhor pra representar minha vida” Tempo Perdido, de fato, seria pouco indicada para definir a vida tão precoce deste jovem de Mogi (SP), que tem 23 anos e já é um fisioterapeuta formado e roteirista em ascensão. As coisas aconteceram cedo em sua vida – à base de muita dedicação e da não desistência de seus focos. Na parte “dramaturgica”, cresceu assistindo seriados e novelas, o que lhe fez ter a ideia fixa de querer, um dia, trabalhar com isso. E não é à toa que trabalhos como “A Estreia” e “Lugar Comum” provam a alegria que é testemunhar a realização de um sonho de um amigo. Duh foi praticamente a primeira pessoa com quem mantive contato do grupo “Memória da TV”. Passamos um tempo afastados, mas retomamos o contato e tenho uma enorme admiração pela inteligência e versatilidade do rapaz. Logo, um jovem que escreve muito bem para jovens (a julgar pela excelência de seu trabalho de Estreia – não consigo evitar o trocadilho...risos) tem toda razão em escolher para si uma composição do maior baluarte da juventude na música brasileira. E ele explica o porquê! Acreditou...e alcançou...como diz a escolhida dele. Sucessos mil, queridão!
Tradutor e conselheiro da juventude...
Me deu um frio na barriga quando o TH me propôs ser um Amigo Convidado. Porque esse blog, pra mim, é uma referência no que diz respeito a música. E todos os posts que li aqui, até hoje, foram marcados por um extremo bom gosto. Espero que esse meu comentário e a música escolhida estejam à altura desse grande espaço que eu tanto adoro (embora comente pouco, é verdade, mas aí é minha internet à lenha que não ajuda! rs) Escolher uma música, a princípio, me pareceu uma tarefa difícil. A primeira que me veio a mentes já havia sido escolhida. Milhares de músicas vieram a minha cabeça até que, segundos depois, ainda na conversa na qual TH me convidou para fazer parte desta coluna, a música surgiu assim, num estalo, estimulada pelo papo sobre família e mudanças de planos. Mais Uma Vez, de Renato Russo, pelo menos pra mim, fala sobre isso. Uma canção que fez parte da trilha sonora da minha vida por dois momentos. O primeiro quando perdi minha tia, Cecília (ou Cida). Foi como perder minha mãe. Perdi uma amiga, uma confidente, uma companheira na hora da novela, uma pessoa com quem amava estar junto, em todos os momentos. E um dia, ali, ainda tomado por aquela mistura de dor, tristeza e até mesmo revolta, comum a momentos como esse, Renato Russo exclamava no meu ouvido: “Mas é claro que o sol vai voltar amanhã...” E voltou! Voltou justamente com uma mudança de planos, quando fui convidado para ser o autor da minissérie A Estreia. Me deu medo. Muito medo! Mas Renato Russo me encorajou: “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem; ou que seus planos nunca vão dar certo; ou que você nunca vai ser alguém”. Eu acreditei no sonho e no plano. Ambos deram certo. Será que foi uma ajuda divina, da minha tia, do lugar onde ela está, iluminando seu sobrinho noveleiro nessa primeira investida como roteirista? Ou foi Renato Russo que me estimulou com o “Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo”? Acho que os dois estiveram ao meu lado, de alguma forma. Ou da mesma forma. Os versos dele me aproximaram da minha tia e me encorajaram. E são esses versos que gostaria de expor neste espaço. Obrigado pela oportunidade, queridão! ;)
Mas é claro que o Sol Vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei Escuridão já vi pior De endoidecer gente sã Espera que o Sol já vem
Tem gente que está do mesmo lado que você Mas deveria estar do lado de lá Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar Tem gente enganando a gente Veja nossa vida como está Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança
Mas é claro que o Sol Vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei Escuridão já vi pior De endoidecer gente sã Espera que o Sol já vem
Nunca deixe que lhe digam Que não vale a pena acreditar no sonho que se tem Ou que seus planos nunca vão dar certo Ou que você nunca vai ser alguém Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança Quem acredita sempre alcança Quem acredita sempre alcança Quem acredita sempre alcança Quem acredita sempre alcança Quem acredita sempre alcança Quem acredita sempre alcança...
A desenguiçada fábrica de poemas cantados em público. Partim-ciplem! Peguem suas senhas pois a maré tá alta!
A tão antiga cumplicidade entre música e literatura... A teoria musical de qualidade é o trinômio de "ias": melodia, harmonia e poesia. Tem artista que vai aquém e esquece sorrateiramente algum dos elementos. Outros sobrecarregam uns em desfavor de outros e assim se faz a música brasileira: sem fórmula certa, mas que de alguma forma dá certo. Não sei como enquadrar Adriana Calcanhotto nesse parâmetro: sequer sei se há parâmetro. Sua obra é tão vasta e polivalente que não se consegue situar em qualquer categoria estreita ou pré-determinada. Arrisco dizer que seu trabalho é como a sexualidade de qualquer pessoa: desnecessita de rótulos ou denominações. Estudar sua carreira é constatar que ela é pop, cult, juvenil, adulta, poética, alegre, melancólica, eletrônica, voz-e-violão... um jogo infinito de paradoxos reinventados a cada fase. Não é de se estranhar que obtem fãs de extremidades igualmente opostas: dos humildes aos mais elitizados, todos se deleitam ao sabor de Drica. Por excelência uma das mais admiradas cantoras dentre os leitores do EnTHulho Musical, estava mais do que na hora dela ganhar um mês inteirinho dedicado a seus discos, músicas, fatos, curiosidades, erros, acertos e tudo o mais. Tem pano demais pra manga e muito o que se discorrer sobre essa poetisa do Rio Grande do Sul, mas com genialidade de descrever com propriedade a cena carioca (onde morou) e a capacidade de usar e abusar de sua visão sobre o que há a seu redor - sejam as pessoas (cariocas são bonitos...cariocas são ousados), sejam abstrações ("não sei bem onde larguei o leão que sempre cavalguei"), ou homenagens ousadas (vamos comer Caetano...comê-lo cru).
Navegar a marítima trajetória de Adriana é ter uma aula completa de literatura. É perceber as influências diretas (Caetano Veloso, Lupicínio Rodrigues, Augusto de Campos, Gerture Stein, dentre tantos outros), condensadas em melodias deliciosas e letras que te traduzem e possuem uma atomosfera rítimica que te dão a sensação de viajar. Embarquemos já, pois!
Desde seu nascimento, em 03 de outubro de 1965, Adriana Calcanhotto ouve música de qualidade. Seu pai era baterista de uma banda de jazz e bossa nova, e sua mãe, bailarina. O repertório de músicas ouvidas em sua infância era banhado de Astor Piazzola a Miles Davis e João Gilberto. Ao iniciar seus estudos de música em 1977, teve como influência de seu professor os músicos Tom Jobim e João Donato. Além da música, Adriana é uma assídua leitora de publicações sobre Modernismo no Brasil e em algumas fases da sua vida chegou a largar a música para atuar como ‘performer’ em peças teatrais e se dedicar à composição. Foi em Porto Alegre, no ano de 1984, que Adriana Calcanhotto iniciou sua carreira profissional de cantora, tocando e cantando em casas noturnas e bares da cidade. Seu show de estréia teve o nome de “Crepom”, com direção de Luciano Alabarse. Sempre eclética, a cantora estreou em 1987 o show “Nunca Fui Santa”, com composições próprias e músicas de carnaval. Participou, em Porto Alegre e em São Paulo, de espetáculos em homenagem à Elis Regina e em 1988 estreou o show “Batom”, que na época teve recorde de público. A partir daí, Adriana ganhou projeção nacional, após fazer sucesso com o espetáculo dos melhores momentos de todos os shows já apresentados. Depois do sucesso, a cantora assinou com a CBS e gravou o seu primeiro disco, chamado “Enguiço”, que renderia o prêmio de “Revelação Feminina”, no 4º Prêmio Sharp de Música, além de controvérsias entre os críticos da época, que dividiram suas opiniões sobre seu verdadeiro talento. Esse primeiro disco homenageia clássicos da MPB (Lupicínio Rodrigues, Titãs, Caetano) e tem uma faixa de sua autoria: Mortaes. A música "Naquela Estação" integra a trilha da novela "Rainha da Sucata", de 1990. Mais autoral, em 1992 lança seu segundo trabalho, "Senhas". Intimista e confessional, o álbum lhe deu mais projeção ainda, embalado pela música “Mentiras” entrou na trilha sonora da novela “Renascer”, da TV Globo, e estourou em todas as rádios do país, e também com "Esquadros", uma das mais admiradas pelos fãs da moça. Esse disco abriu as portas para que Adriana fizesse shows em grandes casas de espetáculos, como o Canecão, no Rio de Janeiro, e rendeu ainda o primeiro disco de ouro da intérprete. Em 1994, começa a sentir sinais de cansaço e desgaste devido à exposição excessiva na mídia. Era necessário fazer algo - por isso, nesse mesmo ano, lançou o LP "A Fábrica do Poema", com algumas doses de experimentalismo (poemas de Augusto de Campos, Gertrude Stein, textos do cineasta Joaquim Pedro de Andrade e parcerias com Waly Salomão, Arnaldo Antunes, Antônio Cícero e Jorge Salomão. Foi o último a ter versão em vinil, os destaques foram "Metade" (da novela "Quatro por Quatro" e "Inverno". (COMENTÁRIO DE TH: Meu preferido e o eleito pra ilustrar o cabeçalho do EnTHulho esse mês). Já em 1998, começa a inacabada trilogia com temática "mar", com o genial "Marítimo". O nome remete à faixa que canta com Dorival Caymmi, "Quem Vem Pra Beira do Mar", mas o disco tem muito mais! Adriana flerta com eletrônica e samplers bem modernos, e um filão de letras muito bem trabalhadas. Destaque para o sucesso "Vambora" e a versão remixada de uma música de seu álbum anterior, "Cariocas". Uma das participações foi uma performance na livraria Argumento, no Rio de Janeiro, musicando poemas do poeta português Mário de Sá Carneiro em 1996. Um deles, "O outro" acabou por entrar no CD Público (2000), que trazia regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas e também rendeu um DVD, lançado no ano seguinte pela gravadora BMG. Falando do disco, era necessário um registro ao vivo - e o "Público' mostra, pra quem já foi a um show de Mme. Calcanhotto, tudo o que ela é no palco - os improvisos estudados, as baladas alçucaradas, as ousadias cantadas...o disco ainda traz geniais versões de estúdio. No mesmo ano, grava "Devolva-me",que integra a trilha da novela "Laços de Família" e faz um enorme sucesso. O disco "Cantada", de 2002, ironicamente é um dos menos citados em sua carreira, mas não deixa nada a dever em termos de genialidade e ousadia. Hits timidos como a faixa título, "Pelos Ares", "Justo Agora" (linda!) e sua versão porra-louca pra "Music" marcam o trabalho. Em 2004 dá uma grande guinada na sua carreira: permite-se fazer um disco de MPB infantil, intitulado "Partimpim", sobrenome que chega a adotar. O projeto é bastante criticado por alguns fãs da moça, e elogiado por outros tantos pela iniciativa de impor algo de respeito aos pequenos. Repercutiu tanto que ganhou uma continuação, o Partimpim 2, em 2009. Antes disso, lança o disco "Maré", mais um da trilogia marítima e que reúne músicas da chamada "nova MPB". Três músicas estiveram nas trilhas de novelas da Rede Globo: Mulher Sem Razão (Composição: Dé Palmeira e Bebel Gilberto - Letra: Cazuza), em A Favorita; Três (Composição: Marina Lima/Antônio Cícero), em Ciranda de Pedra; e Um Dia Desses (Música: Kassin- Letra: Torquato Neto), em Três Irmãs. Nesse mesmo ano, Adriana aventurou-se pela primeira vez no texto em prosa e lançou o livro Saga Lusa, no qual relata o "surto" que teve durante uma viagem à Lisboa. Muito divertido e rico, por sinal! Homossexual assumida, Adriana Calcanhoto é companheira da cineasta Suzana de Moraes, filha do poeta e compositor Vinícius de Moraes. A relação de ambas já durava há decadas, e em 2010, diversos meios de comunicação, tanto brasileiros como portugueses, noticiaram sua oficialização.
Drica: sorrindo por uma carreira (e vida) "Mais Feliz"
************************************* REMIX SÉCULO XX Composição: Adriana Calcanhoto / Waly Salomão
Armar um tabuleiro de palavras-souvenirs. Apanhe e leve algumas palavras como souvenirs. Faça você mesmo seu microtabuleiro enquanto jogo linguístico.
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